quarta-feira, julho 01, 2015

Informar é também ajudar a aprender.

O profissional de comunicação
tem a obrigação de informar ensinando
inclusive como se fala e como se escreve corretamente.
Todo profissional de comunicação
tem a obrigação
de falar e escrever sempre corretamente
no exercício da profissão.

Quem informa tem a obrigação de informar de forma correta, clara, concisa e objetiva. Para isto precisa utilizar uma linguagem escrita ou falada sempre correta. Não precisa ser sempre formal, embora a formalidade seja necessária em muitas situações, mas tem que ser sempre correta mesmo sendo informal. No entanto, o que se vê com muita frequência no jornalismo brasileiro é um festival de erros não nas informações, mas na forma como elas são dadas - o que também acarreta em erros nas próprias informações. 
Exemplo disto foi quando uma repórter da GloboNews, ao dar informações sobre o acidente que causou a morte de um cantor, informou que o acidente foi causado por uma falha mecânica no carro e, em seguida, disse que a "falha mecânica" foi o estouro de um pneu. Essa repórter deveria saber que "falha mecânica" é algo que, como a expressão já informa, ocorre em alguma parte de um sistema mecânico. No motor, por exemplo. O pneu não faz parte do sistema mecânico de um carro. A roda, sim, mas o pneu não. Portanto, se o acidente foi causado pelo estouro de um pneu, não foi por uma falha mecânica. Ouvindo a notícia na forma em que foi dada, muitos telespectadores imaginarão que "falha mecânica" é qualquer tipo de falha ocorrida no carro.
Outras situações em que erros como estes são muito frequentes e podem - e devem - ser evitados: quando há greve num sistema de transporte coletivo, esses jornalistas usam a expressão "greve dos ônibus". Ônibus não fazem greve; a greve é dos motoristas de ônibus e/ou de outros funcionários do sistema, mas não "dos ônibus". Às vezes também dizem "greve do metrô". Não é "greve do metrô", é "greve dos trabalhadores metroviários" ou "dos funcionários do metrô".
Por falar em "pneu", há muitos jornalistas pronunciando "peneu". Este é um erro absurdo, já que na palavra não existe a letra "e" entre o "p" e o "n". Como se costuma dizer popularmente, "pronuncia-se como se escreve": pneu. Continuemos o nosso tema:
É preciso, portanto, que os profissionais de comunicação (jornalistas, publicitários, etc.) tenham muito cuidado com a forma como utilizam palavras e expressões. O efeito da informação dependerá muito de como a mensagem será interpretada por quem a recebe (no caso citado acima, os telespectadores). Talvez muitos entre os próprios profissionais pensem que os jornalistas precisam apenas apurar e divulgar fatos, os publicitários precisam apenas veicular propagandas e os "relações públicas" é que têm que se preocupar com as relações entre a entidade que representam (empresa, órgão público, etc.) e o público. Os que pensam assim ainda não entenderam que todos os profissionais de comunicação têm que assumir também certas funções de relações públicas, e que a realidade que jornalistas e publicitários brasileiros precisam observar é esta: estamos no Brasil.  Explico melhor:
Este é um país em que o sistema de ensino é um dos piores do mundo, o que faz com que o nível de aprendizagem também o seja. No entanto, é possível escrever e falar o mais corretamente possível, e no caso de um profissional de comunicação, já que no nosso país esses níveis de ensino e de aprendizagem nunca melhoram, essa possibilidade se torna obrigação. 
Para a maioria das pessoas, o profissional de comunicação é aquele que sabe se comunicar; portanto, o pensamento predominante é de que a forma como ele se comunica é que é a correta. Eis por que tantos alunos fracassam em redação: de um lado, eles não podem contar com um nível de ensino qualitativo; do outro, muitos alunos, assim como muitas outras pessoas, se espelham em profissionais que deveriam servir como exemplo sobre como alguém deve se comunicar. Infelizmente muitos desses profissionais não correspondem desta forma: usam como "linguagem popular", escrita e oral, muitas expressões empregadas equivocadamente, o que é muito diferente de uma linguagem popular. Ainda não atentaram para o fato de que precisam informar ajudando os informados a aprender.